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25 julho 2015

Aquele que não possui nome, mas que trilha os caminhos que eu crio

Hoje ele está agitado por algum motivo que desconheço. Ele anda de um lado para outro na minha frente, seus ombros tensos, seu cabelo despenteado, sua camisa amarrotada, exatamente como alguém que despertou perturbado com alguma visão de outro mundo.

Não posso tocá-lo, mas penso que suas mãos estão frias. Não escuto nada, mas penso que há um pedido mudo no ar.
Talvez seja isso.

Talvez ele queira fazer algo hoje, agora que finalmente despertou de seu sono profundo em algum canto da minha mente quer agir. Quer andar, respirar e sentir. Mas não sabe exatamente como. Afinal ele não tem passado.

Suas memórias, se algum dia existiram, estão perdidas em algum lugar que não posso alcançar. Enterradas profundo demais. Ele depende de mim para criar o caminho que irá percorrer, são minhas palavras que traçam o mundo ao seu redor, que dão seu fôlego, que formam as pedras debaixo de seus pés, os prédios erguidos a sua volta, que colorem o céu acima dele.

Nós, seres humanos, somos egoístas. Não entendemos como esse mundo funciona, mas somos desesperados por possuir algo que nos falta.

E eu não sei como ele acabou acorrentado sobre minha mão, mas uma vez que o tenho não tenho ideia de como deixa-lo ir.
Tudo o que posso fazer é lhe dar histórias, permiti-lo voar no espaço limitado de sua gaiola.
Então vamos lá. Vou cumprir seu desejo hoje. Irei aliviar essa vontade que arranha seu peito.

Irei escrever.

Feliz Dias dos Escritores.