Menu

08 novembro 2015

No olho da Tempestade



Essa noite estou me sentindo inquieta como se houvesse algo pronto para transbordar de dentro de mim. E eu não sei ao certo como expressar esse amontoado confuso que me faz desejar algo que não sei nomear.

Talvez seja porque tenho passado por muitas coisas ultimamente, talvez seja porque ultimamente tenho estado tensa, cansada, confusa e com medo de tudo. Mas quem é que não passa por isso?

É somente por eu ser quem eu sou que sinto que devo fazer algo com tudo isso. Não consigo me impedir de me afundar nesse mar revolto e buscar palavras que possam me trazer alguma salvação. Não consigo me impedir de saborear todas essas sensações, numa tentativa tola de entender tudo isso e encontrar uma solução mágica pra toda essa merda do dia a dia.

E como eu sou eu, está mais que na hora de me deixar afogar.

Lentamente. Bem lentamente.

Todas essas sensações vão enchendo meus pulmões, ele vai doer um pouco a principio, mas então minhas mãos vão parar de se debater e meu corpo vai se sentir pesado e tudo o que poderei sentir é que poderia dormir um pouco. Então meus olhos vão se fechando e tudo o que me aguarda por detrás das minhas pálpebras é uma escuridão acolhedora.

Um. Dois. Três.

Finalmente estarei submersa dentro de mim mesma.

Agora já não me preocupo com mais nada. Nessa escuridão a única preocupação é a próxima palavra. Assim que pronunciada ela tomará vida e tudo o que tenho que fazer é me deleitar com a história que será criada. É como ler um livro numa aconchegante poltrona num dia de chuva, como ver um bom filme antigo que você conhece todas as falas, como ir ao teatro ver uma peça de um autor que você adora.

Nesse abismo tudo o que basta é se deixar inundar por tudo aquilo que rodopia num caos em seu peito e então uma palavra tomará o palco no olho da tempestade.

Uma história nascente é tão bela quanto o nascer do sol. Eu sempre me sinto ansiosa e então eu vejo o brilho de uma heroína se levantando. Vejo como ela parece perdida, desarmada e sem nenhum poder ela aparenta ser frágil, mas suas mãos não tremem. E apesar do medo que resplandece em seus olhos ela ainda mantem a cabeça erguida para enfrentar a tempestade ao seu redor.

A tempestade se torna mais furiosa como que lançando um desafio e começo a pensar em tudo aquilo que me aflige, todas as minhas preocupações, todas as minhas chateações e medos que me perturbam o sono. Formas indefinidas se agitam dentro do caos até que de repente todo o vento cessa, um último sopro lança uma poeira clara sobre meus pés e a minha frente tudo está formado. Um novo mundo, com todas as suas personagens e vilões e a heroína à minha frente pronta para iniciar sua jornada.

E eu sei que assim que ela der o seu primeiro passo a história irá começar e todos os sentimentos inquietos no meu peito serão desdobrados, retorcidos e invertidos. E talvez dessa forma, a única que conheço, possa entender tudo isso.

E talvez... Apenas um talvez, eu possa encontrar as respostas que preciso para as perguntas que gritam sem parar em minha mente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário